componentes do grupo

Componentes com junção dos grupos 2 e 6: Ana Elisa Souza Carao, Andressa Rodrigues, David Felberg, Poliana Trindade Linhares, Maressa Fernandes Valentim Vidal, Rodrigo Rodrigues Hortelan e Thatianne Trajano Da Silva

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

População capixaba é composta por aproximadamente 145 mil pomeranos A luta para manter viva a tradição

Fonte: Gazeta Online
TERÇA-FEIRA, 15 DE JULHO DE 2014
Patrik Camporez | pmacao@redegazeta.com.br
Fotos: Edson Chagas-GZ

Por David Felberg
Cerca de 145 mil descendentes germânicos vivem no Estado do Espírito Santo.
A população capixaba é composta por aproximadamente 145 mil pomeranos, a maior parte deles concentrada em comunidades rurais de 13 municípios do Estado, onde vivem do cultivo da terra.
Alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e
 Médio Fazenda Emílio Schroeder reivindicam o ensino
 da língua pomerana dentro da sala de aula.
Para manter preservadas suas tradições e costumes, os descendentes germânicos resolveram se unir para, através de um ciclo de reuniões que acontece em todo o Estado, montar uma pauta com diversas reivindicações.
E a principal delas diz respeito a falta de políticas públicas voltadas ao campo, fato que tem levado cerca de 50 % dos jovens dessas comunidades a deixarem suas casas para trabalhar ou estudar em outras cidades, explica o pesquisador Irineu Foerste, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Somado a isto, a ausência de investimentos públicos na agricultura familiar tem dificultado a permanência das famílias pomeranas no campo, alerta o pesquisador, que ainda destaca: “A língua pomerana praticamente desapareceu na Alemanha e na Europa, mas é falada, aqui no Estado, como era falada, lá, há 150 anos. Esse é um capital cultural muito grande, que a gente precisa dar visibilidade”, aponta Foerste, que também faz parte da Comissão Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais.
Municípios capixabas com maior concentração de pomerano (clique na imagem para ampliar) - Arte: Genildo
A estudante Raquela Reetz mora em Santa Maria de Jetibá, tem 15 anos e só foi aprender português aos seis, ao ingressar na escola, já que a única língua falada pelos seus pais é a pomerana.
Por abrigar a maior concentração de descendentes no Estado, o município da Região Serrana foi escolhido para sediar a primeira reunião do ciclo de encontros, e Raquela aproveitou a oportunidade para fazer sua reivindicação. “Na minha escola estudo inglês, mas não estudo a língua que aprendi com os meus pais. Não tem como manter nossa tradição sem preservar nossa língua”, cobra.
Moradores declaram amor pelos costumes locais:
 em Santa Maria de Jetibá, onde 80 % da população é descendente
 germânica, moradores têm orgulho de suas origens.

A lista de reivindicações inclui ainda a cobrança por investimentos na agricultura familiar e melhorias na educação e saúde no campo. Para a pedagoga Vanilda Haese Dettmann, todas essas demandas têm, em comum, o objetivo de fortalecer a permanência do povo pomerano em seu território. “Estamos nos organizando melhor para que as políticas públicas sejam alcançadas. O objetivo é fortalecer a organização dessa cultura”, afirma Vanilda, que é uma das idealizadoras do movimento.


Casas no interior mantêm arquitetura tradicional: de passagem pela comunidade Ilha Berger, uma linda casa chamou a atenção da reportagem.Nela, mora Dona Maria.
No dia 10 de setembro, vai acontecer um encontro estadual, onde será elaborada uma pauta contendo as principais reivindicações feitas em cada região. Posteriormente, o documento será levado à Brasília. Ao todo, vivem no Brasil cerca de 300 mil pomeranos, metade deles em solo capixaba.
Algumas escolas já contam com o ensino
 pomerano: Gabriel Kuster, 10 anos, aprende
 o pomerano em sala de aula, na comunidade
 São João do Garrafão. O avô comemora
Origem

Os pomeranos são oriundos da antiga região da Pomerânia que, após a Segunda Guerra Mundial, deixou de existir no mapa europeu. Grandes desbravadores das terras capixabas, estabeleceram-se inicialmente na região das montanhas e, posteriormente, no final do século XIX e início do século XX, migraram também para o Norte do Estado, em direção ao Vale do Rio Doce.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:

Conheça a história do Evento POMER BRASIL

Por David Felberg
TERÇA-FEIRA, 24 DE JUNHO DE 2014
 Evento POMER BRASIL
Fonte: Pommer Brasil

A proposta de criar um evento Nacional para discutir as questões da cultura, do pertencimento e dos modos de ser dos pomeranos, nasce dentro do contexto da diversidade cultural e tem como pressuposto o Plano Nacional de Direitos Humanos - III (Decreto Nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009.), especialmente nas sua diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade. Esse documento orientador apresenta como objetivos: ‘Afirmação da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária; Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais como Direito Humano e apresenta como proposição de Ações Programáticas: promover ações de afirmação do direito à diversidade das expressões culturais, garantindo igual dignidade e respeito por todas as culturas’. (PNDH-3, p. 94)

Algumas pequenas ações culturais de registro e de reconhecimento eram executadas nos estados de Rio Grande do Sul e do Espírito Santo em espaços sociais geo-políticos onde habitam pomeranos. Partindo da premissa da Educação Popular que emancipação cultural se faz a partir de reconhecimento de si e dos outros, a proposta da partilha dos olhares de quem somos nós e o que queremos como futuro se colocou como uma necessidade.
Desse modo, o encontro com sujeitos pesquisadores e ativistas culturais foi um caminho natural. Lembro-me muito bem que estava eu em Belo Horizonte apresentando dados da pesquisa sobre os pomeranos da Serra dos Tapes (sul do RS) no ENDIPE 2010, quando ao final de minha apresentação duas pessoas presentes na sala declararam que desejavam falar mais comigo sobre o trabalho. Aguardei então a finalização das demais apresentações e iniciamos o diálogo sobre a questão da cultura pomerana.
Eram duas mulheres vindas do estado do Espírito Santo especialmente para conhecer o trabalho que realizávamos. Quando se apresentaram senti nelas uma certeza, de que eram bem intencionadas e que, ao que tudo parecia, seriam parceiras de uma proposta que eu já vislumbrava a um tempo: a necessidade de reunir os grupos pomeranos espalhados pelo Brasil a fim de problematizar nossa condição na história a partir do registro da memória da cultura com vista a produção de um futuro desejado e necessário. Hoje percebo que minha primeira impressão foi acertada.
Sentados em uma roda de três pessoas, delineamos o que seria o surgimento do POMERbr. Expliquei a elas que estava promovendo no Rio Grande do Sul um Seminário para compartilhar as ações de registro da cultura local tendo a escola como instrumento, tratava-se do evento 'Seminário Cultura e Diversidade: Educação e memória Pomerana no Sul do Sul' que veio a ser denominado I POMERsul. Comentei com elas que tinha conhecimento de trabalhos de pesquisa e de registro da cultura pomerana no ES. E, imaginava ser possível, um dia, realizar um encontro que reuni-se sujeitos interessados em debater a questão pomerana sob os aspectos da memória, da história, da política, da educação e das perspectivas de futuro.
Após breves diálogos nos demos conta de que nossos propósitos eram os mesmos. E dessa conversa inicial ficou uma certeza entre nós: vamos realizar esse encontro. Declarei que lá no RS tínhamos um grupo grande de pessoas envolvidas. Elas declararam que também no ES havia um movimento intenso de pesquisas e ações com o tema. O encontro ia então germinando, ainda não tinha nome, era só uma idéia. Havia uma certeza: vamos realizá-la. E lembro que comentei com elas a necessidade de termos essa iniciativa e que ela custaria muito tempo de nossas vidas e alguns recursos econômicos, mas que a faríamos com poucas, algumas ou muitas pessoas. Que se tivéssemos 5 pessoas discutindo essas questões já teríamos alcançado êxito em nossas proposições.
Nesse encontro estavam: Prof. Carmo Thum, Profa. Síntia e Profa. Adriana V. G. Hartuwig. Falamos de vários nomes de sujeitos que conhecíamos pessoalmente ou por produção bibliográfica que seriam possíveis parceiros nessa empreitada. Me parece que o princípios dos camponeses de que acordo firmado é acordo cumprido se estabeleceu com plenitude. Cada um rumou para sua residência, seus afazeres e compromissos e após alguns dias iniciamos conversas por e-mail, tentando dar forma concreta as idéias lá germinadas. 
E é desses encontros e propósitos que surge POMERbr. O que mais tenho a dizer sobre essa história? Pouco e muito, mas já é uma história compartilhada com mais de uma dezena, que se transformou em centena em pequeno espaço de tempo e que hoje é história de muitos e um fazer coletivo que se espraia por SC, RO, MG. Desejo é que a proposição inicial seja sempre nossa referência: coletivamente necessitamos nos questionar e problematizar quem somos, porque somos e o que desejamos ser enquanto grupo cultural. De resto, a história depende do que agora já é o III POMERbr e do que pode ser, talvez, um POMERMUNDUS.
Manter sempre a clareza de que somos mistura, que só somos na inter-relação com os outros, que somos produtos de muitas expressões e que é na diversidade e no diálogo que encontraremos a possibilidade de futuro.
Escrevo esse relato uma manhã fria de abril, nessas de início de inverno no RS, e casualmente olho para o calendário e dou-me por conta que é 16 de abril de 2013.

Um abraço a todos.
Prof. Dr. Carmo Thum

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA:

http://www.pommerbrasil.com.br/. ACESSADO EM 01/09/2014.