Unidade 01
Construção Histórica da
Idéia de Raça
Introdução ao Racismo
por Maressa Fernandes Valentim Vidal
Racismo: “é produto indissociável da
construção histórica de raça”. É uma ideologia que acredita que algumas nações
ou etnias são superiores em detrimento a outras, em virtude de cor de pele, de
religião. É utilizada com a intenção de inferiorizar, desqualificar a até
perseguir populações/etnias que em diferentes épocas, situações e contextos são
tratadas de forma diferenciada e com disparidades sociais. Temos como exemplo a
população negra, os judeus e árabes.
Historicamente, o racismo era uma
forma de justificar o domínio determinados povos sobre outros, como se verifica
no período de escravidão, colonialismo, e nos genocídios (crimes contra a
humanidade) ocorridos ao longo da história.
No século XX, algumas formas de
racismo como o Nazismo e o Apartheid marcaram a história.
O racismo como componente básico da
política de um país, levou a Alemanha nacional-socialista à perseguição e
extermínio de judeus, ciganos, eslavos, etc. A intenção dos nazistas era
exterminar os judeus, com base em argumentos sobre a superioridade da raça
germânica. O anti-semitismo (racismo contra judeus) levou a uma perseguição
desenfreada e exterminação de milhões de judeus e de outros povos, culminando
na Segunda Guerra Mundial.
O Apartheid foi um sistema de
segregação da população negra, que vigorou entre 1948 e 1994, comandado pela
minoria branca na África do Sul. A política racista do apartheid, pretendia
impedir todo o relacionamento entre os indivíduos de "raças"
diferentes e submeter a maioria da população a uma reduzida minoria caucasiana.
A Idéia de Raça ate o
Século XIX
O racismo como fênomeno historico surgido no Ocidente tem, em
suas origens, o debate do Iluminismo sobre a unidade e a diversidade humana e
das sociedades no seculo XVIII.
Até o século XVIII, o conceito de raça foi um
termo referente a grupos com ancestrais comuns, não sendo utilizado para
designar
a natureza dos
indivíduos pertencentes a esses grupos. A explicação das diferenças físicas
entre os homens era apoiada no paradigma cristão. Nesta visão, algumas
sociedades não seriam destinadas ao desenvolvimento e ao progresso pelo fato de
seus habitantes serem classificados como “pagãos, hereges”. Outro aspecto
importante dessa visão é a dedução de que europeus,
asiáticos e africanos
deveriam possuir ancestrais distintos uma vez que as diferenças entre eles se
repetiam em sucessivas gerações.
Escravidão, Raça e Mestiçagem
Segundo o texto Escravidão, raça e mestiçagem os
indígenas não aceitavam a escravidão, considerados bárbaros ou infiéis pelos
missionários, aos planos do vaticano, que catequizaram os índios, ao contrario
dos africanos que era preferencia a mão de obra escravista no novo mundo. Foi, portanto, a partir do trafico de escravos
a escravidão da américa que a raça começaria a ser associada a negro, africano
a inferioridade da condição escrava, a
ser construída essencial dos negros.
Mestiçagem: mistura de raças/etnias diferentes,
não somente na mistura de cor de pele, mas também de traços culturais. Cabe
ressaltar que a identidade nacional brasileira é própria e mestiça, nasceu do
encontro da mestiçagem entre os índios (povos nativos), os brancos (portugueses
colonizadores) e negros africanos (capturados e trazidos ao Brasil).
Racismo Científico
Racismo científico
ou tipologia racial. Esta doutrina ajudou a gerar uma hierarquia baseada em
forças além do alcance da humanidade, o que justificou a superioridade da
classe governante, tanto na própria sociedade como em outras. O racismo
científico proclamou a aptidão da classe capitalista para reger a classe
trabalhadora e a da raça branca para reger a negra.
Darwinismo social:
A teoria sobre a geração e evolução das espécies
de Charles Darwin, trouxe elementos novos para a fundamentação da desigualdade
entre os homens. Com base nestas ideias originou-se o chamado darwinismo social
que defendia o direito natural dos mais "fortes", governar os mais
"fracos". Idéia
de que algumas raças e sociedades eram dotadas de valores que as tornavam
superiores as demais, ou seja, a sociedade europeia era tida como superior,
sendo uma justificativa para a expansão colonial europeia sobre o continente
asiático e africano.
Raça, Cultura e Etnia
Raça: O
conceito raça historicamente teve vários significados, valeu-se ao longo do
tempo de argumentos religiosos, biológicos, culturais e nacionalistas como
forma de tornar natural e justificável as relações entre dominadores e
dominados sob a falsa ótica de superioridade e inferioridade entre seres
humanos, tais como: “a superioridade das sociedades europeias sobre as outras,
inferiores ou atrasadas em suas crenças e costumes, a ideologia do “sangue
puro”, entre outras... trouxeram à humanidade inúmeras situações de
desrespeito, intolerância entre os povos, isolamentos e até extermínios de
grupos em virtude da soberania de raça.
Etnia: “quase um sinônimo de cultura”.
Refere-se a estruturas de populações com afinidades, modos, organizações
sociais, psicologias e culturais comuns, por exemplo as sociedades indígenas e
africanas. Não é estática, como historicamente era pensada, tem história, tem
origem e evolui.
Cultura: é o conjunto de vivências, saberes,
costumes, concepções de uma determinada etnia, nação ou grupo social. É o
produto histórico de dada sociedade e a partir de suas expressões são
apreendidas as histórias de cada povo.
Antropologia, Antirracismo, Descolonização.
Antropologia passou a incorporar, as
transformações históricas e as mudanças intensas pelas quais, passavam o
continente e a repensar as relações de sujeitos e objeto nas relações com os
povos estudados. Passou a utilizar o conceito de cultura e analisar a historia
na sociedade. Rejeitou o conceito de aculturação “o fim da autenticidade
cultural”, a antiga ideia de perda ou
manutenção dos traços culturais tomados isoladamente caiu em desuso nas teorias
antropológicas, visto que as sociedades primitivas, e sendo rejeitada pelas
populações das ex colônias que recusavam exercer o papel de objeto de estudo.
Antirracismo:
conceito que aglutina as ações e os esforços voltados para a “ressignificar
o conceito de raça como um valor positivo”, para uma tomada de consciência
política e de igualdade com a aceitação do outro como igual, sem superioridades
e sem submissão.
Descolonização: caracteriza-se como o “processo
histórico e político”, que se traduziu na obtenção gradativa da independência
das colônias situadas na Ásia e África.
Ocorreu por concessão de autonomia ou por lutas de independência por
meio de movimentos, revoltas. Um dos aspectos fundamentais das lutas era a
produção de uma identidade africana, como forma de revalorizar as suas
histórias e culturas e ressignificar o conceito de raça como símbolo de luta
contra o racismo. O movimento iniciou com grupos intelectuais e ativistas
africanos e recebeu o apoio das populações urbanas e rurais.
REFERÊNCIAS:
HEILBORN, Maria Luiza; ARAUJO, Leila; BARRETO,
Andréia (Orgs.). Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPPGR: módulo
III. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as
Mulheres, 2010.
http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/livro4_EducacaoeRER-04.08.10.pdf,
15 de julho de 2014.
O percurso do conceito de raça no campo de
relações
raciais no Brasil
por David Felberg
O conceito de raça surge
primeiramente no século XVI e era utilizado para identificar um grupo ou
categoria de pessoas conectadas por uma origem comum. No final do século XVIII
e início do século XIX o conceito de raça tomou contornos biológicos mais
definidos, e os grupos raciais passaram a ser entendidos como realidades
totalmente distintas e hierarquizadas. Neste contexto as pessoas brancas eram
vistas como biológica, moral e intelectualmente superiores a negros/as e
amarelos/as, sendo a miscigenação compreendida como algo que enfraquecia os
grupos.
No final do século XIX estimula-se a imigração de europeus com objetivo
de esbranquiçar a população brasileira. Mais tarde autores como Gilberto Freire
em seu livro Casa Grande&Senzala evidencia de forma positiva a contribuição
cultural dos negros/as para a formação do país e o ideal de embranquecimento
passa a ser substituído pelo ideal de mestiçagem. Na época do Estado Novo
elementos culturais negros foram interpretados como símbolos da nação
brasileira numa espécie de negociação cultural entre elites e povo. Os
movimentos ativistas negros denunciam a situação vivenciada pela população
negra, que por um lado, não havia recebido qualquer tipo de auxílio do Estado
brasileiro na pós-abolição e de outro, era preterida no mercado de trabalho,
pois os/as empregadores/ras privilegiavam imigrantes europeus para os postos de
trabalho disponíveis. Nas décadas seguintes outros autores fazem novas
interpretações a respeito do conceito de raça e discriminação racial.
Considerando que a maioria da população negra era constituída por pobres,
resultava-se na simetria “negro/a = classe baixa/pobre, algo que levava
muitos/as pesquisadores/as, como Pierson, a interpretar o preconceito que se
praticava contra negros como sendo preconceito de classe. Mas para Nogueira, o
que ocorria era na verdade uma discriminação racial com características
próprias da realidade brasileira: a distinção a partir da cor e dos traços, o
que chamou de “preconceito de marca ou de cor”.
A partir dos anos 1960,
Florestan Fernandes qualifica a democracia racial como um poderoso construto
ideológico que mascara a realidade da dominação de brancos/as sobre negros/as
no Brasil. Começa-se então a desaparecer a concepção biológica de raça. Nesse
sentido o conceito de raça passa a ser entendido como um construto social,
histórico e político que não possui bases biológicas, mas possui existência
social do ponto de vista simbólico, tendo impacto direto na maneira como as
pessoas se relacionam e constroem hierarquias sociais
unidade 3
O TEMA DA DESIGUALDADE E DA ESTRATIFICAÇÃO
SOCIAL
por Ana Elisa S. Carão
Os
estudos sobre desigualdades com ênfase na estratificação social têm procurado
identificar suas características e explicar sua persistência a despeito do
igualitarismo moderno e do desenvolvimento econômico.
Destaca-se, que no
caso brasileiro, a temática das desigualdades deve ser entendida a partir de
suas peculiaridades, principalmente no que diz respeito ao tema da escassez de recursos.
É necessário desvincular, analiticamente, a questão da pobreza da questão das
desigualdades. O problema da pobreza é de insuficiência de recursos, enquanto
que o problema da desigualdade é de distribuição desses recursos, por isso é
possível encontrar muito desigualdade em países ricos.
Nesse sentido, o
Brasil não é um país pobre, mas um país que sempre teve uma proporção
considerável da sua população em situação de pobreza, embora não sofra escassez
de recursos para combatê-la.
Segundo a antropóloga
Verena Strlcke, a naturalização das desigualdades sociais atua como forma de
conciliar igualdade de oportunidades com a desigualdade existente, na medida em
que transfere para a natureza a explicação dessas desigualdades (STOLCKE, 1990).
OS
ESTUDOS SOBRE DESIGUALDADES RACIAIS
Nos anos de 1950 e
1960, os estudos sobre relações raciais se consolidam por meio de uma serie de
estudos que procuravam investigar as relações entre raça e classe. Dentre eles,
o Projeto UNESCO e os estudos da Escola Paulista (GUIMARÃES, 1999:71). Os estudos,
pesquisas procuraram enfatizar que os fatores estruturais, como classe, não são
suficientes para explicar toda a disparidade entre os grupos brancos, pretos e
pardos no Brasil.
Na visão do sociólogo
Carlos Hasenbalg, a discriminação e o preconceito adquirem novos significados e
funções dentro das estruturas pós-escravistas e não são meros arcaísmos do
passado. A discriminação e o preconceito têm uma relação funcional com a
preservação dos privilégios. Logo, a mudança do critério racial para o
preenchimento de posições na estrutura de classes depende mais de fatores
políticos de mobilização dos dominados e das divisões no grupo dominante do que
de uma lógica inerente ao desenvolvimento da sociedade de classes.
Esse trabalho
inaugurou uma linha de investigação que as desenvolveu a partir dos anos de
1980 e que tem se beneficiado do acesso a uma ampla produção de dados
estatísticos, bem como do aprimoramento de técnicas de analises quantitativas. Ante
toda a evidencia acumulada na pesquisa sociológica e demográfica dos últimos
tempos, o ônus da prova está com aqueles que tentam desfazer o elo casual entre
racismo, discriminação e desigualdades raciais.
O estudo enfatiza a
funcionalidade da discriminação racial como instrumento de desqualificação de
grupos sociais no processo de competição por benefícios simbólicos e materiais,
resultando em vantagens para o grupo branco em relação aos grupos não brancos
(preto e pardo). Tentam mostrar que preconceito e discriminação raciais estão
intimamente associados à competição por posições na estrutura social,
refletindo-se em diferenças entre os grupos de cor na apropriação de posições
na hierarquia social.
Esses estudos
contribuíram de forma significativa para a construção de uma agenda de combate
às desigualdades raciais que começaram a ser implantadas da segunda metade dos
anos 1990.
COR E
PROCESSO DE REALIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA: O QUADRO ATUAL DAS DESIGUALDADES RACIAIS
NO BRASIL
Os indicadores
sociais têm contribuído de maneira decisiva para o entendimento do fenômeno das
desigualdades sociais e que deverão ser utilizados como indicadores das
mudanças advindas com as políticas implantadas. As estatísticas sociais têm
sido usadas historicamente como mecanismos de gestão, controle e planejamento
das sociedades nas áreas das finanças, da saúde publica, da assistência social
das políticas públicas.
Segundo os sociólogos
Carlos Haenbalg e Nelson do Valle Silva, o processo cumulativo de desvantagens
é o que caracteriza a desigualdade racial no Brasil, associado aos mecanismos
discriminatórios pelos quais passa a população preta e parda no decorrer da sua
trajetória. Ou seja, os determinantes das desigualdades raciais devem ser
observados levando em conta os chamados fatores produtivos (por exemplo,
educação e experiência), mas deve ser dada ênfase aos fatores não produtivos (o
efeito determinante da cor, do sexo ou da região), correspondendo aos fenômenos
de discriminação e de segmentação.
DESGUALDADES
RACIAIS: O QUADRO ATUAL NA EDUCAÇÃO
A educação destaca-se
como ativo mais importante no processo de realização socioeconômica. É o
principal aspecto na analise da trajetória dos indivíduos, a educação tem um
papel crucial no processo de reprodução da desigualdade.
O Brasil enfrentou
muito tardiamente o problema dos baixos índices educacionais de sua população. Durante
décadas, foi capaz de apresentar altas taxas de crescimento, sem enfrentar o
problema do nível de escolaridade da população (TAFNER, 2005).
Em 2008, a população
branca residente no país apresentava uma taxa de 6,2%; já os grupos de pretos e
pardos apresentavam, respectivamente, 13,2% e13, 5%.Estar na escola significa
não somente a possibilidade de estar diante de oportunidade de aumento de
capital humano, mas também, dependendo da fixa etária, significa chances de
permanecer por mais tempo nos bancos escolares.
É digno de nota o
forte aumento de pretos e pardos no Ensino Superior. Suas proporções aumentaram
quase quatro vezes nos últimos dez anos. As recentes Políticas de Inclusão no
sistema universitário (políticas de cotas, cursinhos comunitários) bem como sua
ampliação em termos de números de vagas, têm produzido efeitos positivos para
diminuição das desigualdades raciais.
DESIGUALDADES
RACIAIS: O QUADRO ATUAL NO MERCADO DE TRABALHO
Não existe um momento
especifico no ciclo de vida das pessoas em que a desigualdade é criada ou
perpetuada, o mercado de trabalho é considerado um lócus privilegiado para
observar quando determinadas desigualdades se transformam em outras desigualdades.
É uma esfera na qual é possível captar em que medida as diferenças nas
recompensas (como renda oriunda do trabalho e posição na ocupação) são fruto
das diferenças de produtividade, ou seja, é possível identificar em que medida
o mercado de trabalho é revelador de desigualdades adquiridas em etapas
anteriores do ciclo da de vida.
Observa-se que a atuação
do mercado de trabalho como um gerador de desigualdades, tanto por segmentação
(ramos de atividade, formal e informal e segmentação regional) quanto por
discriminação sexual e racial.
A importância da
relação entre idade e mercado de trabalho é que quanto mais tardio o ingresso
(em termo etário), mais qualificada será a inserção dos jovens trabalhadores.
Os estudos sobre
mobilidade e raça, no Brasil, apontam que as desigualdades raciais vão se
tornando mais evidentes à medida que os negros vão se movimentando para topo da
pirâmide ocupacional.
Segundo o autor
Santos (2005), ao analisar o peso da classe na determinação da desigualdade
racial, aponta que nos estratos mais elevados é onde se constata maior desigualdade
racial.Ou seja, os negros que conseguem romper a barreira da escolaridade
enfrentam maiores dificuldades para obter as mesmas posições que os brancos com
condições educacionais similares. A analises sugerem é que o preconceito racial
se torna mais relevante à medida que subimos na hierarquia de classes no
Brasil.
ARTICULANDO
COR E SEXO E CLASSE: AS CONDIÇÕES SOCIOECONÔMOCAS DAS MULHERES NEGRAS -
EDUCAÇÃO
As conquistas das
mulheres ao longo do século XX marcaram, de maneira significativa, os seus rumos
para este novo milênio. As mudanças nas taxas de fecundidade, nos níveis
educacionais e na sua participação no mercado de trabalho sintetizam o novo
papel da mulher na sociedade. Elas refletem também os avanços no campo jurídico
e na agendo governamental que redundaram no desenvolvimento de políticas
públicas nas mais diversas áreas, como família, violência, saúde, dentre
outras.
No campo familiar, as
mulheres vêm aumentando a sua participação como pessoas de referencia no
domicilio mesmo com a presença do cônjuge.Vale lembrar que as
transformações vieram porque houve
mudança na forma de coletar os dados. A primeira delas foi à definição de
pessoa de referencia de família. A chefia da unidade domiciliar investigada era
sempre atribuída ao homem. As mulheres só eram classificadas como pessoa de
referencia de família em caso de ausência da figura masculina, exemplo viúvas
ou separadas.
Na esfera
educacional, as mulheres têm apresentado um desempenho melhor do que o dos homens.
Elas saem de uma situação altamente desigual nos anos 1950 para em 1980
dividirem equitativamente com os homens as possibilidades de acesso à escola,
ultrapassando-os no ensino básico e no ensino superior, a partir da década de 1990.
Elas apresentam uma média de anos de estudos superior à média dos homens e
concentram uma proporção maior de seu contingente nas faixas educacionais mais
elevadas, se comparadas aos homens.
A situação da mulher
diante do mundo do trabalho podemos destacar dois fenômenos: a expansão
educacional e processo de urbanização e industrialização ocorrido no país.Tais
transformações podem ser sintetizadas na configuração da participação feminina
no mercado de trabalho, tanto em termos de inserção quanto em termos do seu
perfil.
ARTICULANDO
COR E SEXO E CLASSE: AS CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS DAS MULHERES NEGRAS – MERCADO
DE TRABALHO
A participação da
população negra no mercado de trabalho é um aspecto extremamente relevante para
a compreensão das desigualdades raciais.
Em relação às
mulheres negras, sua trajetória socioeconômica é fruto das mudanças ocorridas
na participação das mulheres no mundo do trabalho e à estagnação das
desigualdades raciais.
Em relação às
desigualdades de sexo, as mulheres concentram um percentual mais elevado de seu
grupo em trabalhadoras não remuneradas, trabalhadoras domesticas e funcionárias
públicas do que os homens, enquanto estes têm uma concentração mais elevada do
que as mulheres em assalariados com e sem carteira, trabalhadores por conta
própria e empregadores.
REFERÊNCIAS
MÓDULO
3 – Políticas Publicas e Gênero resumo
a unidade 3 Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça – GPP- GeR 2014
Unidade 4
Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras:
Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras:
uma Agenda Contra o Racismo
Por Andressa Rodrigues
O
movimento negro brasileiro, como conhecemos hoje, surgiu no início do século
XX, quando começaram os primeiros protestos contra o preconceito raça/cor nos
jornais da chamada Impressa Negra e nas associações em favor da integração do/a
negro/a na sociedade. Com fim da escravidão no Brasil, “o primeiro período
republicano foi marcado pelo preconceito racial, particularmente no mercado de
trabalho e nos espaços de entretenimento, como clubes, bailes, festas etc. Essa
situação discriminatória impulsionou os/as afro-brasileiros/as a construírem
espaços próprios de sociabilidade, onde pudessem evitar constrangimentos de
cunho racial nos momentos de lazer.” Mais tarde, esses espaços também foram
usados como uma forma de os/as negros/as discutirem e se organizarem para que
seus direitos fossem assegurados. Com essa concepção, surgiu o Movimento Negro
no Brasil.
Apesar
de as mulheres negras estarem sempre presentes e atuantes no movimento negro,
“elas encontraram empecilhos para ocupar as posições de dirigentes nas
organizações políticas negras. Por conta disso, embora a presença dessas
mulheres nos ciclos de insurgência do movimento fosse significativa, muitas
vezes restringia-se aos bastidores (DOMINGOS, 2005)”. Ou seja, apesar de se
falar e se lutar pela igualdade social, a equidade de gênero ainda estava longe
de acontecer, pois a sociedade ainda era muito machista.
Entretanto,
as mulheres, especialmente as mulheres negras não iam “ficar de braços
cruzados” diante de tanta desigualdade. Essa realidade precisa mudar. Então,
“as mulheres negras romperam com essa lógica desigual e buscaram outras formas
de enfrentamento da dominação masculina. Tal ruptura aconteceu de forma
singular durante os anos de 1980 com a construção de coletivos e associações
políticas próprias. Porém, antes da formação de organizações de mulheres
negras, esboçou-se um pensamento crítico às relações que invisibilizavam a
atuação desses sujeitos na sociedade”.
A
partir desse pensamento crítico, identificou-se que o que invisibilizava a
atuação das mulheres negras eram fatores histórico-social e cultural, ou seja,
histórica, social e culturalmente há muita desigualdade racial e de gênero no
Brasil, consequência da herança histórica dos países europeus. Dessa forma, o
Brasil discriminava maciçamente os/as negros/as e, mais expressamente, as
mulheres. Logo, as mulheres negras eram as que mais sofriam com o preconceito e
discriminação, pois, além do fator raça/cor, ainda tinha o fato de elas serem
mulheres.
Neste
contexto desigual entre negros/as e brancos/as, homens e mulheres, houve a
necessidade da criação do movimento nefro, sobretudo, o movimento das mulheres
negras. Isto é, essas pessoas historicamente, social e culturalmente
discriminadas e hierarquizadas precisavam lutar pela igualdade no país e,
assim, assegurarem todos os seus direitos como cidadãos/ãs brasileiros/as. Foi
por meio dessas organizações e com muita luta que negros/as conquistaram seu
lugar na sociedade. Eles/as fizeram com que leis fossem criadas e cumpridas a
fim de que a igualdade fosse garantida e a diversidade (raça/etnia, gênero
etc.) fosse respeitada. Essa luta foi importantíssima para o combate ao racismo
no país. Para que o Brasil se torne um país onde há equidade de raça/etnia,
gênero, entre outras.
Apesar
dessas vitórias, nós (negros/as, brancos/as, indígenas, enfim, cidadãos/ãs
brasileiros/as) não podemos deixar de lutar para que tenhamos um país cada vez
mais justo, solidário e democrático, onde todas as pessoas têm os meus direito,
deveres e oportunidades.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
HEILBORN,
Maria Luiza; ARAUJO, Leila; BARRETO, Andréia (Orgs.). Gestão de políticas
públicas em gênero e raça/GPPGR: módulo III. Rio de Janbeiro: CEPESC; Brasília:
Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.
SEYFERTH,
Giralda. Racismo e o ideário da formação do povo no pensamento brasileiro. In.
OLIVEIRA, Iolanda (org.). Relações raciais e educação: temas contemporâneos.
Niterói: EdUFF, 2002. (Cadernos PENESB; 4).
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muito bom
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