Mobilização no município reuniu mais de
800 pessoas em caminhada da BR 101 à sede da Receita Federal.
POR MARESSA FERNANDES VALENTIM VIDAL
Os movimentos sociais
do campo participaram de manifestações em São Mateus, no norte do Estado, nesta
quinta-feira (16), que têm como principal foco exigir celeridade nos processos
de reforma agrária do município. Nesta mesma data, é comemorado o Dia Internacional
da Soberania Alimentar, ou Dia Mundial da Alimentação, como foi instituído pela
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A reforma
agrária, como lembra o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), é um dos
processos necessários para que seja alcançada a soberania alimentar.
Na manhã desta
quinta-feira, mais de 800 militantes fizeram uma caminhada da BR 101, do ponto
conhecido como Maria Amélia, e percorreram as principais avenidas do centro de
São Mateus, até a sede da Justiça Federal. Lá, fizeram um ato exigindo
celeridade nos processos de reforma agrária. Um dos objetivos da caminhada e do
ato foi aproximar da população urbana e das autoridades a importância da
reforma agrária para a ampliação da produção camponesa e, com isso, o aumento
da produção de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e respeitando
especificidades regionais e ambientais.
Após o ato na
Justiça Federal, os militantes fizeram nova caminhada até o Lions Clube, onde é
realizada na tarde desta quinta-feira uma audiência pública com o Ministério
Público Federal (MPF) sobre a reforma agrária no município. Os militantes são,
em maioria, ligados ao MPA, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), à Via Campesina, à Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura
Alternativa (AS-PTA) e componentes de populações tradicionais, como quilombolas
e pescadores.
A soberania
alimentar é o direito de todos os povos de produzirem e comerem seus próprios
alimentos, mantendo sua cultura alimentar e produzindo com respeito ao meio
ambiente e às populações vizinhas. Neste ano, o foco das mobilizações é a
agricultura familiar, sob o lema “alimentando o mundo, cuidando da terra”, como
foi definido pela FAO.
A agricultura
familiar, como apontaram os militantes do MPA, tem importante papel na
erradicação da fome e da pobreza, sendo o principal responsável pelo Brasil ter
saído do “Mapa da Fome” da FAO, em setembro deste ano. Segundo os números do
organismo internacional, o Brasil não possui mais problemas endêmicos ou
estruturais relacionados à fome. No país, 70% dos alimentos consumidos pela
população provêm da agricultura familiar.
Em São Mateus, as
principais terras requeridas pelo MST e pelos demais movimentos do campo são as
fazendas Primavera, Floresta e Texas, que totalizam 1.620,3 hectares e
desde 2009 aguardam decisão da Justiça Federal. A Primavera espera o
resultado da vistoria que, de acordo com militantes do MST, pode demorar até
seis meses. Já as Floresta e Texas somente aguardam a decisão judicial para
serem destinadas à reforma agrária.
Debate
Também como parte da Jornada Nacional de Lutas por Soberania Alimentar, na manhã desta quinta os camponeses ligados ao MPA realizam na cidade de Pancas, noroeste do Estado, debate sobre a soberania alimentar e o papel do campesinato. Na ocasião, foi servido café da manhã com comidas típicas camponesas.
Referência:
http://seculodiario.com.br/19343/10/movimento-sociais-do-campo-cobram-realizacao-da-reforma-agraria-em-sao-mateus-1. Acesso
em 20 de outubro de 2014.

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