POR
ANDRESSA RODRIGUES
Representantes
de entidades de combate à intolerância étnica cobram punição dos PMs acusados
de agredirem a advogada Josefina Serra
Ativistas
dos movimentos negros do Distrito federal prestaram solidariedade à
ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial do DF e advogada Josefina Serra,
53 anos. Ela alega ter sido discriminada por um grupo de policiais militares e
denunciou o caso ontem à corregedoria da corporação. Pelo menos cinco entidades
representativas exigem rigor na investigação do caso. “Foi uma atitude
violenta. Queremos que as autoridades tomem providências para punir os
responsáveis. Ela fez certo e não se calou. Mesmo sofrendo com a agressão,
denunciou. Só assim seremos ouvidos”, comentou Júlia Bertó, integrante do
Movimento Negro Unificado (MNU).
Ainda
abatida com a situação vivida no último dia 7, Josefina se lembrou dos momentos
de discriminação racial. Por volta das 18h30, a advogada passava pelo Museu
Nacional em direção à Esplanada dos Ministérios, quando viu um grupo de
militares abordando três jovens, entre eles, um negro. Segundo a advogada, os
policiais continuaram a abordagem somente com esse adolescente. “Observei a
situação e continuei andando. Gritavam com o garoto e, quando ele foi liberado,
o aconselhei a ir para casa. Percebi que estavam agindo de forma
preconceituosa, afinal tinham liberado os outros”, conta.
Em
seguida, os policiais teriam abordado Josefina, com grosseria. “Eles ordenaram
que eu parasse, senão iam atirar. Perguntei o que tinha acontecido e uma agente
respondeu que era uma operação padrão e que pessoas como eu deveriam estar
acostumados com esse tipo de tratamento. Questionei se se tratava da minha cor
e ela disse que eu estava livre para interpretar como quisesse.” A advogada
relatou que os militares agiram de forma truculenta. “Jogaram meus pertences no
chão e ainda levantaram a minha blusa; chamaram-me de neguinha abusada e
avisaram que não adiantaria eu reclamar, pois ali não tinha câmera e muito
menos testemunhas para me apoiar”.
Apesar
da violência, Josefina somente compareceu à delegacia para denunciar o caso, na
última segunda-feira. Ela foi a primeira titular da Secretaria de Promoção da
Igualdade Racial, entre 2011 e outubro de 2013. Mesmo com toda a experiência,
Jô, como é mais conhecida, disse que se sentiu acuada frente à ação dos PMs.
“Eu já sofri preconceito, mas nenhum como esse. Foi de uma enorme truculência.
Fiquei sem reação e com medo”, contou, emocionada.
O
secretário-geral da Polícia Militar, coronel Marcos Araújo, que também é negro,
qualificou de “inadmissível” a conduta dos policiais, com base no depoimento da
vítima. “É uma situação atípica, pois isso não é normal na corporação.
Repudiamos qualquer ato desse cunho. Vamos abrir um procedimento investigativo
para apurar a veracidade dos fatos, e coletar as imagens das câmeras de
segurança na região. Ela tem o número da viatura, e qualquer dado a mais vai
ajudar nessa apuração. Todas partes envolvidas serão ouvidas”, explicou.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2014/10/16/interna_brasil,536562/vitima-de-racismo-ex-secretaria-recebe-apoio-de-movimentos-sociais.shtml.
Acessado em 17/10/2014

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