POR ANDRESSA RODRIGUES
SÃO PAULO - Embora coletivos e
organizações sociais - como os sem-terra, os sem-teto, os atingidos por
barragens, as Mães de Maio, grupos negros, entre outros - tenham declarado
apoio à reeleição de Dilma Rousseff, a depender dos movimentos sociais, a presidente
não terá vida fácil nos próximos quatro anos.
- Indicamos o voto crítico na Dilma, o que não
quer dizer que aceitamos suas políticas. Continuamos mobilizados e iremos para
a luta na rua - afirmou Josué Rocha, um dos líderes do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), que agrega 40 mil famílias e fez grandes
manifestações no período da Copa.
Rocha prossegue:
- Reconhecemos avanços, mas somos críticos
porque o Minha Casa, Minha Vida privilegia mais as empreiteiras do que a
população de baixa renda. Mas, diante do Aécio, que seria um retrocesso, não tínhamos
opção.
O mesmo raciocínio foi adotado pelo Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra, que pretende intensificar as ações em 2015.
Segundo o movimento, 120 mil famílias devem ser mobilizadas em acampamentos e
ocupações já no início do próximo mandato:
- Dilma não assentou quase ninguém. Mas temíamos
que Aécio ganhasse e voltassem massacres, como o de Carajás, a criminalização
do movimento, por isso fomos com ela - disse Alexandre Conceição, da
coordenação nacional do MST.
A reforma agrária foi praticamente paralisada na
gestão Dilma. Ela assentou pouco mais de 10% do total assentado por Lula e
ficou atrás até do governo Fernando Henrique. Outro ponto sensível nos últimos
quatro anos é a demarcação de terras indígenas. A presidente homologou apenas
11 áreas, quase o mesmo que Lula fez por ano e menos do que a média anual de
FH.
- Durante a gestão dela, a presidente nos
recebeu uma única vez, logo depois das manifestações de junho de 2013 - afirmou
Lindomar Terena, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do
Brasil. - Na prática, as condicionantes estabelecidas pelo Supremo estão sendo
usadas para dificultar a demarcação, e ninguém beneficiou mais o agronegócio do
que a Dilma. Nossa saída é a luta.
Os movimentos sociais também se queixaram do Congresso
formado em 2014, cujo perfil é mais conservador do que o anterior. Tanto MTST
quanto MST acreditam que isso dificultará uma reforma política, tida como
prioridade para os grupos.
Para as Católicas pelo Direito de Decidir, o
desafio será evitar retrocessos, explica a coordenadora Rosângela Talib:
- Vai ser difícil avançar na descriminalização
do aborto, mas vamos continuar pressionando pela regulamentação dos casos em
que já é legal. Os próximos quatro anos não vão ser fáceis.
REFÊRENCIA:

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