26/08/2014 07h07 -
Atualizado em 26/08/2014
08h20
Professor
Fábio Medeiros, de sociologia, participou do Projeto Educação.
Movimento contra o racismo representa luta pelos direitos dos negros.
Movimento contra o racismo representa luta pelos direitos dos negros.
Por Andressa Rodrigues
Em junho de 2013, o Brasil foi tomado por
protestos, em quase todas as capitais estaduais. Nas ruas, as vozes se uniram
para reivindicar melhores condições de vida para a sociedade. Nesta terça-feira
(25), o professor Fábio Medeiros, de sociologia, explicou a função desses e de
outros movimentos sociais, dentro do Projeto Educação.
No Recife, a
concentração das manifestações aconteceu na Praça do Derby, na área central da
capital. “O movimento, que era por uma exigência do passe livre, ganhou corpo
devido à violência cometida pela PM de São Paulo contra um jovem. Nas redes
sociais, as pessoas, em geral, se indignaram e começaram a reivindicar e a
sentir a necessidade de vir para a rua para começar a dizer às autoridades e ao
mundo como um todo o que elas não mais aceitavam. Seja a corrupção, seja a
injustiça, seja a educação de qualidade inexistente ou somente para alguns
grupos ou determinadas classes sociais, a exigência da moradia digna. Então,
tudo passou a ser visto e concentrado naquele movimento”, comentou o professor.
De forma
curiosa, os movimentos sociais de junho não tinham características de
liderança, como acontece normalmente. “O que ficou presente nas manifestações é
a não liderança, é isso que de certa forma perturbou, bagunçou um pouco a nossa
concepção sociológica. Mas a liderança pode ser tanto carismática como
institucional”, completou Fábio Medeiros.
Movimentos
negros lutam pela igualdade racial
(Foto: Reprodução / TV Globo)
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Os protestos
que aconteceram no ano passado foram a maneira que a população encontrou de
chamar atenção para os problemas existentes no país. De acordo com o professor,
eles acabam revelando as contradições, as desigualdades e também a necessidades
que aparecem dentro do convívio social.
Há 10 anos, no
bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, o afoxé Omô Nilê Ogungá faz com que o
som dos atabaques se misture com o grito pelo fim do preconceito racial. “Aqui,
vamos às ruas para desmistificar a história do povo negro contada no nosso
país. Contaram a partir da escravidão, e nós não somos escravos. Somos filhos
de pessoas que foram escravizadas. Isso muda tudo”, explicou Dário Henrique,
membro do Afoxé.
Até hoje,
vários movimentos sociais continuam sua luta por reconhecimento. Um deles é o
Movimento Negro Unificado, que combate o racismo. No Recife, ele surgiu em 1987
e está presente nas atividades culturais que acontecem toda terça-feira, no
Pátio de São Pedro. “É um movimento político, cultural e religioso, em que
trazemos a cultura da periferia para o Centro da cidade”, destacou Adeildo
Araújo, membro da coordenação do movimento.
Alguns
movimentos sociais surgiram há pouco tempo e é preciso também ficar atento a
importância deles. “Nós temos o movimento dos Sem Terra, dos Sem Teto. Temos o
Ocupe Estelita, no Recife, que é um movimento social, dentre tantos outros. E
por isso mesmo são movimentos que, por reivindicarem ou sugerirem mudanças e
perspectivas, são sempre conflituosos. E por isso mesmo revela novamente as
contradições sociais”, finalizou o professor Fábio Medeiros.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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